sábado, 19 de janeiro de 2013

creepers.

Gostava de saber como lidar com a morte. Pode parecer bastante enigmático, mas cada um a resolve de forma diferente. Conheço pessoas que choram até não existirem mais lágrimas, outras ficam amarguradas durante demasiado tempo, e outras ainda perdem motivação para viver. Quando o meu avô morreu, já há 2 verões atrás, senti-me… vazio. Não porque sentia saudades dele, pelo contrário. Eu não sentia nada, o que se tornou inadequado. Só chorei uma vez e foi quando lhe vi os pés na capela e ainda hoje não sei porque chorei. O luto de cada um é diferente, mas eu não suporto o luto dos outros. Mais tarde, quando ele já estava enterrado, os homens decidiram ir ao café e eu acabei por ir obrigado. Tenho que lhes agradecer profundamente, porque foi graças a isso que descobri o que estava a sentir. Estavam todos a beber cerveja até que alguém se lembra de dizer “Não era assim que o Sr. Acácio queria que ficássemos, vamos é beber uma cerveja por ele!” e já se riam de vez em quando, a contar histórias dele. O homem tinha acabado de morrer, por amor de Deus. Gentalha hipócrita, daqueles que primeiro choram muito e depois já se riem. Eu amava o meu avô e não estava de acordo com aquilo. E esta é a história da virilidade. Agora, as outras, essas eu não suportava. A chorar por todos os cantos, a agarrarem-se a tudo o que mexia e o que não mexia. Sentimentos tão fortes não podem ser demonstrados assim. É uma forma de revolta interior e emocional que acharam que acabaria por expulsar a dor. Ignoram os factos. O facto é que o meu avô estava já, há algum tempo, a demonstrar sinais de velhice. Assim como a minha avó está agora. Eu sabia disso, mas toda a gente preferiu ignorar. E ainda bem que me ignoraram também a mim, porque eu estava a lidar com os meus problemas. De quatro avós, sobrava agora uma. Afastei-me de toda a gente que conhecia porque não sabia o que lhes dizer e porque estava, essencialmente, irritado. Perguntas lerdas, sem sentido, que toda a gente pensa que vale a pena. “Está tudo bem?”. Nem comento. Um mês depois, acabei por demonstrar a confusão que havia na minha mente. Lá para Abril, tinham decido alugar uma casa no Algarve e contaram os quartos como se o meu avô fosse, porque na altura ninguém adivinhava, foi uma morte repentina. Em Agosto, decidiram ir todos, e o meu avô já não estava vivo. Isso irritou-me, era um desrespeito total. Como bom filho, sobrinho e neto, decidi não me opor.
Uns dias depois, de tarde, estava a ver uma série no computador (Veronica Mars) no meu quarto. Até que o meu pai chega e impõe “Queremos ver um filme no teu computador, trá-lo à sala.”. Como não gosto de mostrar o que sinto a ninguém, fui à sala, deixei lá o computador e vim-me embora. Cheguei ao quarto e tive um ataque psicótico. Comecei com alguns saltos e alguns socos na parede. O meu pai e o meu irmão chegaram ao quarto e o primeiro decidiu berrar comigo até não poder mais até que acabou por dizer “Estou a ver que estás com vontade de me bater!”. Nesse momento o meu irmão pôs-se à minha frente porque percebeu que eu ia fazer alguma coisa verdadeiramente estúpida.
O resto da história é desnecessária, é a lamechice que não importa a ninguém. Falta-me saber como vou reagir à morte da minha avó pois, mais uma vez, toda a gente ignora os factos por amor. Ela já confunde algumas pessoas e chama-me pelo nome do meu irmão ou dos meus primos. Fica sabendo que te amo então, porque nunca o irei dizer. Mas amo.
Creepers acabou de ganhar um novo sentido.


Yeah, I see you waitin' over there
See you jockin' over there
See you lookin' at my girl over here
Why you worried 'bout this girl over here?
Keep your eyes over there, it is creepy when you stare
Turn my head and hey
I see you waitin' over there
I see you jockin' over there
Thinkin' bout your own life
Why you talkin' 'bout the young, you dig?
I'm just doin' my thang, if you know what I mean, get it right
And they think they know and they think they know
They deal it for real
I'm just doin' my thang, if you know what I mean, get it right
And they think they know, and they think they know
They deal it for real
I'm just doin' my thang, if you know what I mean, yo

I don't love who I am so I'm workin' on a fix
I don't need a bitch trying to take my mind off my grip
If I had one wish it'd be to have more wishes, duh
Fuck tryna make it rhyme, throw them stones, with your bitch ass
Cutting me deep and even though I bleed I stand alone
Alone I'll be, heart of a lion still shining on your sucka ass
Work it, work it, work it, for inner peace
Fightin' for the freedom of my soul, I can hear the speech
Yeah I mumble while I'm trippin' on so many pills
Hah, they figured that they know a nigga

Yeah, I see you waitin' over there
See you jockin' over there
See you lookin' at my girl over here
Why you worried 'bout this girl over here?
Keep your eyes over there, it is creepy when you stare
Turn my head and hey
I see you waitin' over there
I see you jockin' over there
Thinkin' bout your own life
Why you talkin' 'bout the young, you dig?
I'm just doin' my thang, if you know what I mean, get it right
And they think they know and they think they know
They deal it for real
I'm just doin' my thang, if you know what I mean, get it right
And they think they know, and they think they know
They deal it for real
I'm just doin' my thang, if you know what I mean, yo

11 comentários:

  1. Tens razão, cada um reage à sua maneira. E é incrível como algumas atitudes, aos nossos olhos, são horríveis.
    O que interessa é que com o passar dos anos, ele continua a ser relembrado por quem o realmente amou.
    Força :)
    (gosto muito da música que tens no blog)

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  2. É como em tudo na vida: depende de cada pessoa.
    A morte deve ser rencarada como a vida: com naturalidade.
    É natural que a perda de alguém chegado nos abale e até modificar.
    Contudo, não há como escapar-lhe e não é preciso ser idoso.

    Um beijo

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  3. A morte faz parte da vida. Mas existem muitas pessoas que não a aceitam, que tapam os olhos e fingem que ela nunca vai chegar. É por isso que reagem de forma tão "exagerada" quando ela chega. Por que "não estão à espera."
    Cada pessoa encara a morte de forma diferente. É normal que se a pessoa for mais chegada o sofrimento há-de ser maior.
    Mas não vale a pena ficar de luto e a chorar durante demasiado tempo. A vida continua, nunca pára.
    Força!

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  4. (não li o post mas prometo voltar cá assim que me devolvam a minha net e não esteja dependente de pc's raptados xD)

    Sim, faz todo o sentido não entendermos xD

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  5. Cada um reage de um jeito, mas acredito que não exista o jeito certo.

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  6. Eu vinha aqui dizer-te que tenho esse efeito nas pessoas, mas agora li o texto. Porra miguel, isto não se faz!
    E sim, é verdade que as pessoas têm formas muito diferentes de viver a dor de uma perda, e eu juro que entendo essa revolta por a vida ter seguido o seu curso. Reconheço-a.
    Só perdi duas pessoas importantes para mim. A primeira, tinha 10 anos. A segunda tinha quase 16. Não consegui chorar.

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  7. Já foi a algum tempo que pus aquilo do 'seguir' em baixo, no meu blog. era quando aparecia numa barra em cima :) gosto da musica :)

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  8. r: Por acaso não. As minhas costumam ser o dia preferido da semana.

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  9. cada um encara como consegue (se realmente conseguir encarar). e por mim não há qualquer preparação para a morte, como é que nos vamos preparar para ver alguém que amamos tanto, partir ?
    não dá. temos de ser fortes e lembrar-nos do quão felizes fomos ao lado dessa pessoa !

    abraço rapaz !

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  10. A minha avó também já raramente me reconhece. Tento sempre evitar as lágrimas quando estou com ela (pouquíssimas vezes)... A morte é inevitável, acho que a única opção é conformarmo-nos.
    Beijinhos : )

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